quinta-feira, 24 de março de 2011

Tragédia no Japão


Os japoneses já estão acostumados com adversidades (tufões, vulcões ativos, relevo montanhoso, etc.). Mas a sucessão de terremotos e um grande tsunami que assolaram o país nos últimos dias surpreenderam até mesmo esse povo tão atingido pelos desastres naturais.
O país está localizado sobre uma falha geológica, no encontro das placas tectônicas do Pacífico e Euro-asiática, por isso, acontecem tantos tremores em seu território e nos arredores. O hipocentro do terremoto de 8.9 graus na escala Richter foi a 22 Km de profundidade em relação à superfície submarina. Já o epicentro foi a 120 Km da costa japonesa. Como estas distâncias são relativamente pequenas, a intensidade dos abalos foi muito forte.
Além das perdas humanas imediatas e de milhares de desaparecidos, outra grave questão preocupa os japoneses – a radiatividade. Usinas nucleares foram danificadas, havendo perda da água que resfria as caldeiras, provocando um superaquecimento dos reatores nucleares e um conseqüente vazamento da radiação.
O povo japonês conhece bem os efeitos da radiação sobre os seres humanos (mortes imediatas e surgimento do câncer). Após terem sofrido o ataque nuclear dos EUA no fim da II guerra mundial a população tomou verdadeiro pavor dessa questão atômica.
Enquanto ministro minhas aulas, e comento sobre esta questão com meus alunos, é comum surgir a pergunta: “Professor, por que então o Japão investiu em usinas nucleares?”. E lhes respondo: “O Japão não tem a mesma riqueza hídrica que o Brasil tem, principalmente volumosos rios de planalto, para investirem em outros tipos de geração de energia, como as hidrelétricas”.
Ter um histórico de desastres naturais trouxe muitos prejuízos ao povo japonês. Porém, serviu também para criar uma nação altamente educada e disciplinada. Será então que muitos brasileiros são preguiçosos, mal educados e indisciplinados pelo fato de termos um território tão abençoado?

Décio Couto Caixeta
Geógrafo e Professor de Geografia

terça-feira, 22 de março de 2011

Crise geopolítica na Líbia


Os primeiros meses de 2011 estão sendo marcados por uma série de manifestações pró-democracia no norte da África e no Oriente Médio. Num mundo globalizado, onde a sociedade de consumo se alastra a cada dia, a pouca liberdade de expressão e poder de escolha da população em países com regimes ditatoriais estimulam os mais jovens a protestarem contra o governo. As redes sociais da internet auxiliam na divulgação dos atos em praça pública.
A atitude de um jovem tunisiano, de atear fogo no próprio corpo para chamar atenção da opinião pública interna e externa sobre o regime opressor do seu país, fomentou a ira da população tanto da Tunísia quanto da Jordânia, Egito e Líbia.
Ditadores estão caindo e a democracia sendo implantada, de forma lenta, em alguns países. Porém, na Líbia, o ditador Khadafi não aceita renunciar e promove ataques a civis.
Perante à grande repercussão internacional da crise na Líbia uma coalizão, formada pelas principais potências ocidentais, resolveu atacar as tropas de Khadafi.
Não há dúvida que a democracia é o melhor regime político. Porém, as ditaduras na América Latina e na África foram motivadas pelos EUA e potências européias, respectivamente, justamente os países que agora querem exigir a implementação da democracia na África. Não é curioso? Isso é geopolítica – um tremendo jogo de interesses.

Décio Couto Caixeta
Geógrafo e professor de Geografia