quinta-feira, 29 de julho de 2010

Até quando Hugo Chavez?


Há mais de uma década à frente do governo venezuelano, Hugo Chavez acumula admiradores e adversários. Defendendo uma Revolução Bolivariana, levanta a bandeira da unidade da América Latina e repudia o Imperialismo estadunidense.
No começo de seu governo, Chavez se mostrou bastante ligado à justiça social. Remanejou grandes porcentagens dos royalties do petróleo (principal fonte de riqueza do país) para programas de redução da pobreza, ganhando muitos simpatizantes pelo mundo. Porém, sempre foi um presidente muito polêmico, se inserindo em questões que, muitas vezes, não lhe diziam respeito, com discursos longos e desafiadores. Uma famosa frase do Rei Juan Carlos da Espanha, remetida à Chavez, ficou conhecida internacionalmente: “¿Por qué no te callas?”.
Em seus discursos, critica incessantemente os EUA e seus aliados. No Oriente Médio está ao lado do Irã e contra Israel. Como os EUA e a Rússia ainda alimentam rivalidades, logo houve uma aproximação de Chavez com os russos. Na América Latina, a Colômbia é a principal aliada dos EUA, logo (adivinhem?) adversária local de Chavez. Evo Morales (presidente da Bolívia) e Rafael Correa (presidente do Equador) são aliados de Chavez. O Brasil e os demais países da América do Sul preferem ter uma posição imparcial, se posicionando conforme o assunto.
Chavez se mostra cada vez mais radical. Contra o neoliberalismo e centralizador do poder político-econômico. Já promoveu diversos referendos (consulta popular para mudar uma lei) e plebiscitos (consulta popular para criar uma lei) pleiteando sua perpetuação no poder. Isso o torna um verdadeiro ditador, pois tem o uso da máquina pública. Suas decisões de estatizações vão na contra mão do processo de globalização, afugentando investimentos estrangeiros e findando o crédito do país no exterior. Tudo isso culmina na estagnação econômica, e é claro, no aumento do desemprego. Sempre se mostrou um grande aliado de Fidel Castro, o ditador cubano.
É preciso deixar claro que tanto o Socialismo quanto o Capitalismo têm suas vantagens e desvantagens. Porém, se nos é cerceado o direito à liberdade de expressão, de nada valem a garantia de saúde, educação e moradia.
Fica claro que a democracia não se consolida com presidentes como Hugo Chavez.

Décio Couto Caixeta
Geógrafo e professor de Geografia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Questão atômica iraniana


De onde vem essa rivalidade entre EUA e IRÃ?

Tudo começou em 1979, ano da Revolução Islâmica no Irã. Antes disso, o Irã era comandado pelo Xá – Mohammad Reza Pahlavi – aliado dos EUA. A partir da revolução liderada por Aiatolá Khomeini, o Irã passou a ser um Estado fundamentalista, onde a religião exerce influência direta nas decisões do governo, muito diferente de um Estado laico defendido pelos estadunidenses.
Na Guerra do Irã contra o Iraque, travada durante vários anos da década de 1980, os EUA apoiaram o Iraque, já os soviéticos, os iranianos. A Guerra Fria refletia os antagonismos ideológicos entre EUA E URSS. Essa decisão por parte dos estadunidenses em apoiar o Iraque, acirrou as inimizades com os iranianos.
Neste cenário de guerras cabe uma pergunta: Como EUA e Iraque eram aliados na guerra contra o Irã e anos depois entraram em conflito durante a Guerra do Golfo? A resposta para essa pergunta está na GEOPOLÍTICA, que simploriamente, quer dizer um jogo de interesses entre os países. Vejamos alguns exemplos: EUA e URSS, rivais históricos, se aliaram durante a Segunda Guerra Mundial para lutar contra um inimigo em comum – a Alemanha; EUA e Japão duelaram na mesma guerra, logo depois, se tornaram aliados em nome da sustentabilidade do capitalismo.
Mas, voltemos à rivalidade entre EUA e Irã. O atual presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, defende a extinção do Estado de Israel. Já proferiu várias vezes em seus discursos que Israel deveria ser “riscado do mapa”. Ora, sabemos muito bem que EUA e Israel são aliados históricos. Foram os estadunidenses que arquitetaram a criação do Estado de Israel em 1948, em terras que pertenciam à Palestina.
Sabendo os motivos que levam à essa grande rivalidade entre EUA e Irã, entendemos a grande preocupação por parte dos estadunidenses em relação ao enriquecimento de urânio pelos iranianos. Os primeiros dizem que esse enriquecimento tem o objetivo de construir armas atômicas. Já os segundos, defendem o uso do urânio para geração de energia.
Em quem iremos acreditar? Pesa contra o Irã os imensos obstáculos impostos sobre às inspeções de funcionários da ONU às instalações nucleares iranianas. Pesa contra os EUA a questão imperialista no Oriente Médio e as milhares de ogivas nucleares que o país ainda possui.
Diante deste cenário, o Conselho de Segurança da ONU, decidiu aplicar sanções sobre o Irã. Mas, afinal, o que seriam essas sanções? A intenção da ONU (comandada pelos EUA e seus aliados) neste momento é isolar o Irã através de embargos comerciais. Todas as suas exportações e importações são prejudicadas com o intuito de afetar a economia do Irã. Tudo isso para forçar o país a abandonar seu projeto nuclear.
Porém, Mahmoud Ahmadinejad – eleito de forma fraudulenta nas últimas eleições – , já deixou claro que não cederá às pressões. EUA e seus aliados ainda não falam em uma possível intervenção militar, pois sabem que o Irã não é o Iraque.

Décio Couto Caixeta
Geógrafo e professor de Geografia

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Artigo sobre os presidenciáveis


Em quem votar nas eleições de outubro?

José Serra, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, e ex-ministro da saúde do governo FHC. Como ministro trabalhou bastante na luta contra a AIDS, investindo em pesquisas que fortaleceram o AZT – o coquetel anti-AIDS – recebendo elogios internacionais. No campo trabalhista, foi um dos principais mentores do seguro desemprego.
Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil do governo Lula. Encarou fortes embates com Marina Silva – candidata do PV à presidência –, então ministra do Meio Ambiente, para conseguir permissão do IBAMA para construção de usinas hidrelétricas, principalmente a do Rio Madeira, na Bacia Amazônica. É estigmatizada por alguns de ter compactuado com terroristas durante a Ditadura Militar. Foi a principal expoente do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo Lula. Considerada braço direito de Lula, conseguiu o apoio do presidente para se lançar candidata.
Façamos agora, um balanço dos partidos. O PT (Partido dos Trabalhadores) nasceu como um partido de esquerda. Com um histórico de oposição se tornou situação e se inseriu na ideologia de um mundo globalizado. Porém, nem de longe lembra o neoliberalismo do governo FHC. O PT ainda conserva bastante as regalias das elites, principalmente dos grandes banqueiros. Mas, houve avanços nas políticas sociais, mesmo que ainda tímidos.
Já o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) surgiu como uma terceira via, entre a esquerda e a direita. É um partido que se mostra ligado às questões neoliberais. As privatizações, fenômeno áureo do neoliberalismo, foram constantes no governo FHC, e com Serra, devem ser retomadas com força.
Na economia não há mistério. Sempre há pontos negativos e positivos na tomada de decisões. Se por um lado, o Estado deixa de controlar um ramo importante da economia com as privatizações, por outro pode haver um fortalecimento da concorrência entre as empresas, melhorando o serviço prestado e a qualidade do produto para o consumidor.
Mas, o PSDB, se mostra bastante conservador no que tange à manutenção dos privilégios das elites, com um número incomensurável de “caciques” no Congresso Nacional e no poder executivo.
Fica evidente a força dos partidos nas tomadas de decisões dos governantes. Porém, aqui no Brasil os partidos são um pouco mais maleáveis que, por exemplo, nos EUA. Lá, a bipolarização partidária resume as escolhas dos eleitores entre o Partido Democrata e o Republicano. O primeiro, famoso por ser mais liberal, sendo a favor do aborto, do casamento de homossexuais e tentar resolver as questões geopolíticas mais na base do diálogo que no campo militar, pelo menos foi assim com Bill Clinton, mas está sendo menos com Barack Obama. Já os republicanos são mais conservadores. Defendem a família e são contra o aborto e o casamento de homossexuais, e destinam grandes somas à indústria bélica.
Portanto, a ideologia e o histórico do partido têm de ser levadas em consideração para a escolha do candidato, e não somente a preparação e a competência do mesmo.
Analisando friamente, Serra está mais preparado que Dilma. Contudo, a história de seu partido não contribui para a resolução do principal problema brasileiro: o grande fosso social.

Décio Couto Caixeta
Geógrafo e professor de Geografia